Ministro da Educação erra resposta de pergunta do Enem ao criticar exame

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, voltou a criticar questões do Enem com o que classifica como teor "ideológico". No entanto, na sua fala aos deputados na Comissão de Educação hoje, o chefe da pasta errou a resposta de uma pergunta do exame que usava como exemplo para sua argumentação.
Todos temos uma ideologia, o que discuto é esse ou aquele grupo tentar impor sua ideologia para o outro. Você tem a sua e eu tenho a minha, respeitamos e convivemos."
Milton Ribeiro
Para exemplificar como o exame, na sua visão, tem caráter ideológico, o ministro da Educação leu uma pergunta feita aos participantes do Enem 2020.
A questão traz o seguinte texto: "Eu tenho empresas e sou digno do visto para ir a Nova York. O dinheiro que chove em Nova York é para pessoas com poder de compra. Pessoas que tenham um visto do consulado americano. O dinheiro que chove em Nova York também é para os nova-iorquinos. São milhares de dólares. [...] Estou indo para Nova York, onde está chovendo dinheiro. Sou um grande . Sim, está chovendo dinheiro em Nova York. Deu no rádio. Vejo que há pedestres invadindo a via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Vejo que há carros nacionais trafegando pela via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Ao chegar em Nova York, tomarei providências".
Após a leitura, o exame propunha: "As repetições e as frases curtas constituem procedimentos linguísticos importantes para a compreensão da temática do texto, pois".
- A) expressam a futilidade do discurso de poder e de distinção do narrador;
- B) disfarçam a falta de densidade das angústias existenciais narradas;
- C) ironizam a valorização da cultura norte-americana pelos brasileiros;
- D) explicitam a ganância financeira do capitalismo contemporâneo;
- E) criticam os estereótipos sociais das visões de mundo elitistas.
A resposta correta, segundo gabarito do Enem, é a alternativa A, mas, em sua fala, o ministro disse ser a D.
"O gabarito é a letra D [...] Isso pra mim é ideológico, não há necessidade de ter pergunta dessa natureza, de visão de mundo. Não é compreensão de texto", apontou Ribeiro ao comentar a alternativa errada.
Nós vamos ter um Enem com perguntas objetivas e a questão mais subjetiva para nossa redação, ali [o participante] expõe o que pensa ou deixa de pensar."
Milton Ribeiro
Procurado pelo UOL, o MEC não respondeu aos pedidos da reportagem sobre o ocorrido. Se enviado, um posicionamento será publicado.
Mudança de tom
Na última quinta-feira, em entrevista à CNN Brasil, o ministro havia afirmado ter tido a ideia de solicitar o antecipado às questões do maior exame de o ao Ensino Superior do país.
"Nós sabemos que, muitas vezes, havia perguntas objetivas ou até mesmo com cunho ideológico. Nós não queremos isso", afirmou, repetindo críticas idênticas a algumas já feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o Enem, mas garantindo que a ideia de o antecipado seria exclusivamente sua.
Já hoje, diante da Comissão, adotou outro discurso e disse que, "após análise interna, técnicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), serão responsáveis por garantir 'caráter técnico' à prova."
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