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Professor negro é vetado na UFRJ após colega dizer que ele se 'vitimiza'

Wallace de Moraes, de 47 anos, é professor de de Ciência Política da UFRJ; outro docente disse que ele não poderia assumir um posto por se "vitimizar por ser negro? e ter desequilíbrios emocionais. - Arquivo Pessoal
Wallace de Moraes, de 47 anos, é professor de de Ciência Política da UFRJ; outro docente disse que ele não poderia assumir um posto por se "vitimizar por ser negro? e ter desequilíbrios emocionais. Imagem: Arquivo Pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

28/08/2021 04h01

Durante uma reunião remota entre professores do departamento de Ciência Política do Ifcs (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o professor Wallace de Moraes, 47, ouviu do docente Josué Medeiros que não poderia assumir um posto, apesar do endosso de parte dos colegas, por "constantemente se vitimizar por ser negro" e ter desequilíbrios emocionais.

Moraes e outros professores presentes no encontro entenderam as declarações como ataques racistas e pediram investigação à UFRJ, que começou a formar uma comissão para a avaliar a questão. Além disso, o advogado de Wallace prepara uma ação para ingressar na Justiça Criminal contra Medeiros.

A reunião por videoconferência ocorreu no dia 11 de agosto. O objetivo era definir os professores que integrariam a banca responsável para itir novos docentes no departamento.

Diante de 13 pessoas, o professor Wallace, único negro do setor, ouviu que não poderia assumir a função por "constantemente se vitimizar por ser negro" - em referência a debates levantados por ele sobre racismo estrutural no Brasil. O professor ainda foi chamado por Medeiros de "brigão, desequilibrado e sem condições emocionais".

Mesmo com cinco votos a favor do nome dele, Wallace foi impedido de integrar a banca, que acabou formada exclusivamente por nomes externos à UFRJ. O fato é considerado incomum no meio acadêmico. Normalmente, as bancas são formadas por dois professores do departamento e outros três docentes convidados, de fora da instituição para garantir lisura ao processo. A escolha dos nomes acontece através de consenso e a participação na banca não oferece remuneração extra, mas, sim, prestígio e reconhecimento ao trabalho dos escolhidos.

Em entrevista ao UOL, o professor de Ciência Política, que está há quase dez anos na instituição, disse que foi humilhado.

Eu senti um misto de muita raiva, tristeza e decepção. Foi uma humilhação pública o que ele fez comigo diante de diversos professores que nunca vi, que entraram [na universidade] nesse período de pandemia. Foi uma discriminação. Eu até saí da reunião, pois não aguentei mais. Outra colega também saiu dizendo que não iria compactuar com essa discriminação
Wallace Moraes, professor de Ciência Política da UFRJ

O caso foi denunciado pelo Coletivo Docentes Negras e Negros da UFRJ. O grupo ressaltou que o professor cumpria as exigências para integrar a banca: expertise e pertencer ao quadro de professor associado ou titular da instituição.

Abalado, Moraes disse que precisou procurar atendimento médico dias após o episódio. "O abalo psicológico é muito alto. Até cancelei minha aula nesta semana. Na terça-feira (24), eu parei no hospital. Estava com uma dor de cabeça profunda e nunca tive enxaqueca daquele jeito. Eu acordo de madrugada pensando nisso, tenho dificuldades para dormir".

UFRJ - Divulgação - Divulgação
Prédio da reitoria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Imagem: Divulgação

Professor vai acionar a Justiça Federal

O professor já protocolou um requerimento de investigação interna na UFRJ. Procurada pela reportagem, a reitoria da universidade informou em nota que "serão tomadas as providências cabíveis para apurar o caso, de acordo com a legislação vigente e garantindo o direito à ampla defesa e ao contraditório".

Acrescenta que está sendo formada com a presença de servidores negros e negras uma comissão responsável por apurar a circunstâncias a "provável conduta imprópria e de conotação racista perpetrada por servidores públicos do Departamento de Ciência Política do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs)".

"Diariamente, a maior instituição de ensino superior brasileira busca aperfeiçoar procedimentos e práticas inclusivas e igualitárias, repudiando o racismo e introduzindo condutas antirracistas. A Reitoria da UFRJ informa que ", finalizou a instituição.

Responsável pela assessoria do professor Wallace, o advogado Gustavo Proença, do escritório Nicodemos e Nederstigt, disse que entrará com uma ação criminal na Justiça Federal. "Houve ofensa à reputação do professor com motivação racial, no nosso entender."

Coletivo fala em frase pejorativa

Na nota de solidariedade ao professor Moraes, o coletivo Docentes Negras e Negros da UFRJ destacou que Medeiros não só proferiu ataques pessoais. Também questionou a capacidade psicológica do profissional e se referiu de forma pejorativa aos debates realizados pelo coleta sobre racismo estrutural ao dizer que ele se vitimizava por ser negro.

O grupo enfatizou ainda que a chefe do setor, Thaís Aguiar, e o substituto eventual, professor Pedro Lima, foram omissos durante as declarações e ainda ratificaram que "um membro desequilibrado não poderia compor a banca".

De acordo com o coletivo, "na condição do cargo que ocupam, eles têm a responsabilidade de encaminhar as pautas de forma respeitosa e harmônica".

Argumentos desqualificadores e as tentativas de frear a voz de quem se coloca na luta contra o racismo -- como a vivida pelo professor Wallace de Moraes -- embora frequentemente silenciados por quem sofre essas agressões, são corriqueiros nas instituições de Ensino Superior (...) Já foi o tempo do silêncio. É preciso dar um basta. Não ficaremos mais calados
Coletivo Docentes Negras e Negros da UFRJ

A reportagem também fez contato por e-mail com os professores Josué Medeiros, Thais Aguiar e Pedro Lima, mas não obteve retorno. Os três docentes am uma nota destinada à comunidade acadêmica junto a outros professores do Ifcs, Daniela Mussi, Jorge Chaloub e Mayra Goulart.

No comunicado, disseram que "sete professores internos do departamento, igualmente elegíveis para a banca, ficaram de fora da lista de nomes aprovada pela maioria dos professores presentes à plenária" e que "o debate sobre a Comissão Julgadora do Concurso se organizou em torno das necessidades do departamento e da melhor forma de realização do recrutamento de um novo docente. A capacidade acadêmica do professor Wallace dos Santos de Moraes nunca esteve em questão".

Em nota enviada à reportagem, os professores Thais Aguiar, Pedro Lima e Josué Medeiros disseram: "O Departamento de Ciência Política repudia o racismo em todas as suas formas. O episódio será apurado dentro da legalidade e devidamente elucidado à sociedade".

"Entendemos que a UFRJ como um todo e nosso departamento em particular são atravessados por dinâmicas e relações de racismo estrutural. Diante disso, reafirmamos nosso compromisso com uma agenda institucional antirracista na UFRJ (...) estávamos presentes na reunião e consideramos que a descrição dos eventos contida na petição não é minimamente condizente com a realidade dos fatos."

Representante do coletivo Negras e Negros da UFRJ, professor Vantuil Pereira, disse que todos esperam que o caso seja devidamente apurado.

"Esse caso coloca para gente o desafio de discutir o racismo estrutural e institucional que está colocado na sociedade, e a universidade é parte desse processo. O caso dele não pode ficar sem o devido esclarecimento, garantindo o direito de defesa ao contraditório. Mas é preciso que seja apurado com seriedade e a devida atenção que merece", disse o professor.

Um abaixo-assinado criado pelo coletivo circula na internet pedindo que a UFRJ abra investigação interna para apurar o caso de discriminação racial conta com 2 mil s na manhã de sexta-feira (27).